Um dos locais que permite tratar do crescimento urbano da cidade é a rua XV de Novembro, a qual já teve outros nomes. Chamada inicialmente de Rua das Flores, recebeu posteriormente o nome de Rua da Imperatriz, uma homenagem à imperatriz Tereza Cristina que, em 1880, visitou a cidade junto com o imperador Dom Pedro II. Nessa mesma época, também a Rua do Comércio passou a se chamar Rua do Imperador e, com a proclamação da república, ganhou o nome de Marechal Deodoro.
A Rua das Flores, em meados do século XIX, era uma passagem estreita, mal iluminada e com dezenas de construções baixas e “acanhadas”. Seu calçamento com paralelepípedos ocorreu apenas em 1890. Com calçamento, eletricidade e água encanada, o local passou a atrair um número maior de comerciantes. A inauguração da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá, em 1885, agilizou o transporte de mercadorias importadas e aqueceu o comércio.
A partir de 1910, a rua já denominada XV de Novembro, assumiu o papel de abrigar o comércio mais sofisticado de Curitiba, tendo se tornado a rua da elite paranaense. Ocorreram mudanças significativas neste período, como a substituição dos bondes de tração animal pelos bondes elétricos e a grande especulação imobiliária da região. Houve também, um grande impacto na cidade de Curitiba, no ano de 1919, quando, além da ocorrência da primeira guerra (1914-1918), a gripe espanhola assolou a região. Esses eventos acarretaram grandes dificuldades para o comércio local, principalmente em relação às importações. No mesmo ano, inicia-se a inclusão de luminosos nos empreendimentos da Rua XV de Novembro.
Para entender o contexto da urbanização em Curitiba, se faz necessária a compreensão da urbanização e industrialização do estado do Paraná. No caso do Paraná, faz sentido considerar a convergência entre sua industrialização e urbanização, pois, nos anos 1930, a maioria da população passou de rural para urbana. Nos anos 1980, houve a metropolização da cidade de Curitiba.
O Estado do Paraná teve a influência de vários cultivos no contexto de sua industrialização e urbanização, são eles: 1) erva-mate; 2) madeira; 3) café e 4) soja.
A erva-mate teve importante papel no crescimento da cidade de Curitiba, no século XIX. A exploração começou no início do século XIX e pouco depois da metade do mesmo século, a erva-mate já figurava como o principal produto de exportação da recém emancipada província do Paraná. Em 1853 (ano da emancipação da província), havia 47 engenhos de erva-mate na cidade de Morretes e 29 engenhos de erva-mate na cidade de Curitiba. De 1853 a 1873 foi construída a estrada da Graciosa, que teve papel intensificador na comercialização da erva-mate, pois aproximava fornecedores, engenhos e sua distribuição.
A crise de 1929 foi bastante impactante para a indústria da erva-mate, que estava perdendo espaço para a madeira e o café, como carros chefe da economia paranaense. A intensa dedicação das populações rurais à indústria erva-mateira desarticulou a economia de subsistência e as tornou dependentes da indústria para obter gêneros alimentícios. Com o avanço da indústria do café, havia, na década de 1960, preocupação das elites locais com uma possível quebra da unidade territorial do Paraná, pois havia histórico de conflitos, tais como Contestado, Território Federal do Iguaçu (proposta do estado do Paranapanema), além das lembranças da emancipação do Paraná em relação a São Paulo. Estes medos fomentaram a indústria paranaense, gerando em Curitiba a criação da CIC (Cidade Industrial de Curitiba), na década de 1970.
Mesmo sendo a indústria curitibana ainda modesta e, visando atender às necessidades locais, o século XX trouxe grandes novidades à vida urbana, pois, com o aumento do consumo, exigiu-se aumento da produção e também da importação. A eletricidade passou a ser cada vez mais empregada e surgiram meios de transporte em decorrência, como foram o bonde elétrico e o automóvel. Neste período, foi instalada iluminação elétrica em algumas ruas, e o cinema e a fotografia passaram a ser utilizados como meios de comunicação.
Outro ponto muito importante em todo o contexto foi o alto índice de crescimento da cidade no início do século XX, que contava com 35 mil habitantes, em 1900, e, em 1919, já eram 79 mil.
Em 1912, a rua XV de Novembro, após medidas de urbanização da prefeitura da época, recebeu calçamentos laterais. Tratava-se de uma postura em respeito ao pedestre.
A Rua XV de Novembro, como mostra a imagem do Carnaval de 2012, representava um pouco desta rua como microcosmo social e catalizador de eventos culturais, tendo tido desde o final do século XIX, a tido presença de jornais, teatros, cafés e confeitarias.
O artista Simon Taylor, cedeu dois desenhos de sua autoria para a representação da Rua XV de Novembro.