Curitiba foi oficialmente fundada no ano de 1693, com a eleição e instalação da Câmara Municipal. Em março daquele ano, moradores solicitavam ao Capitão Povoador a eleição e criação da justiça, pois a povoação havia crescido e já passarem de noventa homens. Com o deferimento, no dia 29 de março, na Igreja de Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais, foi procedido o ato de criação da justiça, realizando-se a escolha dos eleitores e a eleição dos membros da Câmara e, com estes atos, fundava-se a cidade.
Antes disso, os campos de Curitiba já eram conhecidos. Os documentos que se referem à ocupação do planalto Curitibano mencionam a concessão de uma sesmaria (faixa de terra, cedida pela coroa portuguesa), em 1639, para início do povoamento da região. Nesse mesmo período, foi descoberto ouro no planalto curitibano, o que atraiu mineradores vindos principalmente de São Paulo e São Vicente, e também alguns que já mineravam na Baía de Paranaguá. Com isso, parte do planalto curitibano passou a ser povoado com a formação de arraiais de mineradores, sobretudo na região conhecida como Atuba. Posteriormente, houve a migração da povoação para o que hoje é o centro da cidade. Não há precisão no ano, mas foi anterior ao ano da oficialização da cidade, 1893.
No livro “História do Paraná” de 1899, o escritor Romário Martins conta a lenda do Cacique Tindiquera. Diz a lenda que o cacique teria sido solicitado pelos moradores da vilinha (região da margem do rio Atuba), para definir onde seria a melhor localização para a edificação cidade de Curitiba. O cacique teria indicado a região da atual praça Tiradentes. Em 1948, o pintor Theodoro de Bona concluiu a tela denominada “Fundação de Curitiba”, que retrata a lenda.
Em 1668, foi levantado o pelourinho (madeiro grosso que representava a justiça). Nessa área, consolidou-se o centro da povoação já denominada Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (depois Curitiba), que aglutinava mineradores de ouro temporários e permanentes e moradores que se fixaram com a introdução do gado vacum e roças de subsistência.
A atual Praça Tiradentes, que era conhecida como Largo da Matriz ou Pátio da Matriz, em 1820, representava o núcleo central da cidade, local onde se concentrava o poder temporal e religioso, além de ser o local do pequeno comércio da época. Lá havia as chamadas “casinhas”, pontos alugados ou comprados que serviam de local para venda de gêneros alimentícios e açougue. As “casinhas” permaneceram até a construção do mercado municipal, em 1864, na atual praça Generoso Marques.
O Largo da Matriz (atual praça Tiradentes) era o catalizador das atividades políticas, religiosas e comerciais. No entorno, localizavam-se as casas das famílias pioneiras e politicamente mais influentes da região, que possuíam vastas propriedades nos arredores da cidade de Curitiba e tinham uma segunda casa na região do Largo da Matriz, para aí ficarem quanto fossem assistir à missa ou fazer negócios.
No início do século XX, a praça tornou-se espaço de comunicação dos habitantes da vila, dado que a maior parte do comércio se localizava nas proximidades (em ruas como Rua das Flores e Rua da Fachada, atuais Rua 15 de Novembro e José Bonifácio, respectivamente) e por onde transitavam as carroças dos colonos que vinham comercializar produtos e fazer compras na cidade. Os colonos, ao longo do século XIX, passaram a ser figuras marcantes na vida de Curitiba. Contudo, até se tornar um espaço social, a praça, assim como a cidade, ambas passaram por problemas como valas abertas, por exemplo, e outras questões advindas do crescimento da cidade. Em 1721, o ouvidor Rafael Pires Pardinho (representante da coroa na cidade) teve uma grande preocupação com a ordenação do espeço urbano, explicitada na deliberação de posturas que regessem minimamente os habitantes da vila, sendo assim, ficou mandatório que os moradores tivessem suas construções alinhadas e que os donos de animais tomassem providências para que o largo da Matriz não virasse um curral. Em 1832, os artigos de lei tratavam da manutenção das construções, sendo que os proprietários que não tinham preocupação com a manutenção de suas construções recebiam multas.
A praça era local dos principais eventos da cidade, pois era o grande ponto de referência, tendo juntado multidões para a recepção dos voluntários da pátria (soldados presentes na Guerra do Paraguai), em 1870, assim como para recepção ao casal imperial, em 1880, o imperador Dom Pedro II e sua esposa, a imperatriz Teresa Cristina.
Além dos eventos, prédios que marcaram a história da cidade ficaram sediados no entorno da praça, como é o caso da Igreja Matriz e também da cadeia/câmara municipal, edifício este que não existe mais. A cadeia foi construída em 1850, próximo onde fica hoje o Paço Municipal.